Em busca da luz

Nossa protagonista é apenas uma alma perdida na escuridão de seu mundo. Perdida entre horas que não passam e a solidão que não a permite sentir. Ela já havia desistido a muito tempo de procurar sua verdadeira sina, até que um dia, tudo mudou.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Capítulo I – Pensamento Permanente

Neste momento relembro meu passado, e por mais bizarro que pareça, também relembro meu presente, meu futuro. Não se sintam confusos, há uma razão para tamanho devaneio. Aqui, no mundo em que habito o tempo não passa.
Quem sou eu? Onde estou? Eu não sei. Eu desconheço minhas origens, eu não sei minha idade, nem ao menos sei qual é a cor dos meus olhos.
Incessantemente andei sozinha por este labirinto, que parecia não ter mais fim. Sempre houve pedras no caminho.
Constantemente me perdia, nunca havia visto uma mera luz, pois aqui foi sempre noite, sempre escuro. E eu, continuamente só. Nunca houve ninguém com que eu pudesse interagir, conversar, escutar... Então o que eu fazia era fechar os olhos e tentar sonhar. Mas nunca tive razão o bastante para sonhar, já que sonhos são resultados de algo que fazemos ou deixamos de fazer, eu não conseguiria. Pois aqui existia apenas eu e a noite. Nem ao menos havia estrelas no céu, aliás, o que eram mesmo estrelas?
Eu disse, nunca vi a luz, então, tudo o que fosse iluminado eu desconhecia. Eu ficava todo o tempo a pensar, se um dia eu poderia, nem que por 2 segundos, contemplar a presença da luz, mínima que fosse, distante que fosse...
Meu mundo era assim, sombrio, anoitecido, sem lua, sem constelações. Sem guerras, contudo, também sem paz. Sem ódio, porém sem amor.
Se não havia bonito, não havia feio. Se não havia sol, muito menos haveria lua. Então eu penso: Se existe escuridão, deve existir a luz! – fecho os olhos, suspiro, abro-os novamente – Se nem em sonho, como poderia na realidade?
Os dias passam. Dias não, noites. As noites passam. Na verdade, não passavam. O tempo não passava.
Era sempre assim, se os ponteiros de um mísero relógio marcassem 23h40min, dessa maneira permaneceria, e nunca mudaria. Isso porque este é o MEU mundo, e o meu mundo não gira.

Sabe o que é estranho? Eu sempre me perco, mesmo não me movendo, eu me perco.
Seja em pensamentos, em devaneios. Eu me perco e não consigo me encontrar.
Eu já deixei de falar, de ver, de escutar, até mesmo de pensar, deixando assim, de existir. Mas eu nunca deixei de sonhar ou se quer despertar de um sonho. Isso há muito tempo atrás. Eu não sonho mais... Não sonho mais...
E agora é a mesma hora, o mesmo minuto, e o mesmo segundo, desde que comecei a pensar. Isso é um pensamento, apenas um pensamento – triste destino.

Capítulo II – A passagem

E novamente relembrando...
Foi num dia escuro – como sempre – que eu me perdi por um instante, um mísero instante e parecia que eu havia dado apenas três passos. Eu deveria ter andado um dia inteiro. – Eu disse dia? Quis dizer noite! Hoje, mesmo dia, mesma hora, mesmo minuto que ontem. Passado, presente, futuro. Sempre.
Caminhei por muito tempo, e, de repente, diante dos meus olhos – era impossível acreditar – havia uma estrada, porém, não era qualquer uma, era a estrada dos meus sonhos – Sonhos... Saudades de sonhar – Ela era maior do que eu imaginava, estava tão escuro, e eu a via mais clara como que em minhas doces quimeras.
Deveria seguir? Já não havia mais diferença, eu já havia perdido o rumo. Na verdade, eu nunca estive no caminho certo. Eu nunca soube o que era fé, o que era ter sentimentos, o amor. “Amor... Amor”. Para mim eram apenas palavras. Majestosas e dolorosas palavras sem sentido.
De que valeria: Eu, perdida, buscando algo que me fizesse iludir?
Sem nada a perder – e muito menos a ganhar – segui a estrada e, apesar da obscuridade que rondava o local, eu sabia exatamente por onde seguir. Sonhei tantas vezes com aquela estrada, e longe, bem distante, havia algo. O que era mesmo? – eu pensava – É nessa hora que eu desperto, quando chego ao final de tudo. Neste momento não vou desistir. E mesmo se tentasse, alguma coisa me puxava para frente, me sustentava quando não mais conseguia caminhar. Seja lá o que fosse, sei que não poderia desistir.
Não sei ao certo quanto tempo andei até chegar ao final do caminho, tudo parecia perder o sentido.
Os olhos brilham. Dois passos à diante e chegara a uma passagem.

Capítulo III – O guardião

Fui entrando dentre a escuridão da enorme passagem, buscando sustentar meu corpo que temia pelo desconhecido. Tudo estava calmo, silencioso. – fecho os olhos, suspiro, desejando que o fato de estar ali não tivesse sido em vão, pois não haveria como retornar. Então, abro os olhos. – Uma porta havia surgido à minha frente. Deveria abri-la?
Confusa, me afastei. Meu olhar permanecia fixo a ela, mantendo meu pensamento submergido no vazio. Mal imaginava o que esperava por mim do outro lado. Eu a encarava com a incerteza de uma vida inteira, em uma súplica por afeições que desconhecia.
Sentindo-me derrotada, entreguei-me ao cansaço, piscando lentamente os olhos, pus-me a lamentar-me. Uma humilde lágrima fugiu de meus olhos, e deslizou por minha face.

Supondo que estivesse a delirar, mal acreditei quando a porta se abriu, e uma densa camada de felicidade cegou-me diante do tempo. Fez-se a luz.
Foi nesse instante de pura insanidade que percorria meu ser, que toda a massa de afeições ruins se degradou, dando lugar ao esplendor.
Um ser iluminado, de gloriosas asas lívidas surgiu por entre a porta, e posicionou-se a minha frente.
- Porque se lastima nobre alma?

Porque eu chorava? Não saberia explicar.
Mas ele não se intimidou quando eu não lhe respondi. Parece que conhecia cada pensamento, cada passo que eu dava.
Ele veio a mim e me mostrou o caminho para a luz, me guiando através da escuridão de cada dia.
Um anjo, um protetor, um guardião.

Capítulo IV – Vidas que se encontram

Você me guiou quando eu estava abatida. Você foi o vento que me carregou, conduzindo todo o seu amor à minha vida. Sim, amor. Eu sempre quis saber o que seria. Foram como fortes apunhaladas em meu coração. A cada vez que você sorria, e eu sentia as batidas se tornando cada vez mais intensas e dolorosas. O amor machucava, porém, toda a luz que trazia consigo era gratificante. Assim, punha-me a cantar, dançar e delirar todas as vezes que você estava por perto.
Ah, foram muitas às vezes as quais você apareceu para mim, e com isso, foi inevitável que nos tornássemos grandes amigos. Eu nunca pensei que um dia saberia o significado de uma amizade, contudo, eu poderia ver claramente em seus olhos, quando o clima ficava cada vez mais intenso, que você ficava triste, e eu não entendia.
Agora eu compreendo. Você era um anjo, e eu sou apenas uma mortal. Nossos mundos eram tão distantes, tão diferentes, que não poderia existir qualquer relação afetiva entre nós.
Mas sempre que eu precisei você esteve lá por mim, e, por mais que eu tentasse, jamais conseguiria te esquecer.

Capítulo V – A luz

Em breve.

Capítulo VI - Lembranças

Em breve.

Capítulo VII – Sonhos, vagas lembranças

Em breve.